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Quem era a deputada brasileira que foi executada a mando do suplente?

No Memória de hoje, resgatamos o caso da deputada federal Ceci Cunha, que marcou a Câmara Federal.

Câmara Federal já protagonizou casos estarrecedores, como o de Ceci Cunha. | Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
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Josefa Santos Cunha, mais conhecida como Ceci Cunha, teve seus primeiros passos na vida pública ainda durante o regime militar, ao se filiar, em 1976, à Aliança Renovadora Nacional (ARENA) — partido de sustentação do governo autoritário instalado no país em 1964.

ASCENSÃO NO LEGISLATIVO MUNICIPAL


A carreira política ganhou força nas eleições municipais de 1988, quando Ceci foi eleita vereadora em Arapiraca pelo PFL. Dois anos depois, em 1990, mudou de legenda e se filiou ao PSDB, partido no qual alcançaria maior protagonismo. Foi reeleita vereadora em 1992 e, graças à sua atuação, assumiu a vice-presidência do diretório estadual tucano em Alagoas.

PRIMEIRA MULHER DEPUTADA FEDERAL POR ALAGOAS


Ceci Cunha fez história ao ser a primeira mulher eleita deputada federal por Alagoas, nas eleições de 1994. Conquistou 30.410 votos e ficou com a última das nove vagas em disputa. Em Brasília, sua atuação parlamentar foi marcada por votos favoráveis a projetos relevantes, como a quebra do monopólio estatal nas telecomunicações, a criação da CPMF, a emenda da reeleição e medidas da reforma administrativa, incluindo o fim da estabilidade do servidor público.

CRISE POLÍTICA E DECISÃO PELA REELEIÇÃO


Em 1998, seu partido enfrentava disputas internas na escolha do nome para o Governo de Alagoas. Diante do impasse entre Manoel Gomes de Barros (PTB) e Teotônio Vilela Filho (PSDB), Ceci chegou a ser indicada como vice-governadora na chapa governista, mas desistiu da candidatura, alegando fragilidade política e falta de apoio da coligação. Optou por tentar a reeleição como deputada federal.

A decisão revelou-se acertada. Foi reeleita com 54.968 votos, conquistando a terceira maior votação no estado.

A CHACINA DA GRUTA: POLÍTICA MARCADA PELO SANGUE


O dia que deveria ser de celebração se transformou em tragédia. Em 16 de dezembro de 1998, data da sua diplomação para o segundo mandato, Ceci Cunha foi brutalmente assassinada, junto ao marido, Juvenal Cunha da Silva, ao cunhado, Iran Carlos Maranhão, e à sogra deste, Ítala Maranhão. O crime, conhecido nacionalmente como a Chacina da Gruta, chocou o país e revelou os perigos dos bastidores da política alagoana.

O ex-deputado Talvane Albuquerque, suplente de Ceci e apontado como mandante do assassinato, foi condenado a mais de 100 anos de prisão, em um julgamento que só ocorreu 13 anos após o crime.

Talvane Albuquerque foi condenado pelo assassinato de Ceci Cunha e de seus familiares (Foto: Reprodução) 

LEGADO DE LUTA E RESISTÊNCIA


Ceci Cunha deixou como legado a coragem de romper barreiras em um ambiente majoritariamente masculino e o compromisso com as causas sociais e administrativas. Sua trajetória é lembrada não apenas pelo pioneirismo, mas também como símbolo de uma política que, em Alagoas, revelou-se muitas vezes violenta e marcada por disputas sangrentas.

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