A reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, realizada neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, marcou um avanço nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. O encontro, que durou cerca de 50 minutos, teve como principal foco a discussão sobre tarifas impostas pelos EUA às exportações brasileiras.
Essa foi a primeira reunião oficial entre os dois líderes. Antes disso, eles haviam se falado por telefone e se encontrado rapidamente durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o diálogo foi considerado “positivo” e Lula reforçou o pedido pela suspensão das tarifas durante o período de negociação.
O que foi discutido na reunião?
Negociação bilateral
O encontro começou na manhã de domingo e teve duração aproximada de 50 minutos. Durante a conversa, Lula reiterou a solicitação para que os EUA suspendam as tarifas aplicadas a produtos brasileiros enquanto durar o processo de negociação.
Trump, por sua vez, afirmou que dará instruções à sua equipe para iniciar um processo de negociação bilateral com o Brasil.
“Esperamos em poucas semanas concluir uma negociação que trate de cada setor afetado pela tributação americana”, declarou Mauro Vieira após o encontro.
Déficit na balança comercial
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Elias Rosa, destacou que Lula também argumentou que a justificativa usada pelos EUA para elevar tarifas não se aplica ao Brasil, já que o país possui déficit comercial na relação com os norte-americanos.
Situação de Bolsonaro não foi tema
Ainda segundo Rosa, o assunto Jair Bolsonaro não entrou na pauta da reunião. Lula apenas comentou, de forma breve, sobre a aplicação da Lei Magnitsky a autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF), classificando-a como uma medida injusta e reforçando que “não há perseguição política ou jurídica” no país.
Interlocução com a Venezuela
Lula se colocou à disposição para atuar como intermediador entre Estados Unidos e Venezuela, buscando soluções diplomáticas “mutuamente aceitáveis”.
Trump teria agradecido a iniciativa e concordado com o diálogo proposto, embora não tenha definido prazos ou formato para essa mediação.
Visitas recíprocas
Os dois líderes também concordaram na importância de visitas oficiais entre os países. “O presidente Trump quer ir ao Brasil, e Lula também aceitou o convite para visitar os Estados Unidos”, afirmou Mauro Vieira, sem indicar datas.
Quais são os próximos passos?
Início das negociações bilaterais
Trump garantiu que orientará sua equipe a abrir as negociações bilaterais. A expectativa do governo brasileiro era que as conversas tivessem início ainda na noite de domingo (horário da Malásia), mas a primeira reunião entre representantes ficou marcada para a manhã de segunda-feira (27).
Segundo Mauro Vieira, o encontro servirá para definir um cronograma de trabalho e identificar os setores prioritários da pauta tarifária.
“Vamos tratar de todos os setores do comércio bilateral, inclusive de minerais críticos e terras raras”, afirmou o ministro.
Suspensão das tarifas
O governo brasileiro também pretende insistir na suspensão das tarifas durante o período de negociação. Não há, por enquanto, prazo definido para o início da medida ou previsão de retirada definitiva das taxas.
Próximos encontros
Além das negociações técnicas, a diplomacia brasileira acredita que o diálogo aberto entre os dois presidentes poderá resultar em novas reuniões de alto nível, reforçando a cooperação econômica e política entre os países.