A possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro cumprir a pena de 27 anos e 3 meses na ala especial da Polícia Militar do Distrito Federal reacendeu a atenção sobre o espaço conhecido como Papudinha, localizado no 19º Batalhão da PMDF. Destinada a custodiar autoridades, agentes públicos e militares impedidos de ir para o sistema prisional comum, a unidade já recebeu nomes de grande relevância política e da segurança pública. As informações são da coluna Na Mira, do Metrópoles.
Caso Anderson Torres
Um dos episódios mais lembrados envolve o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso preventivamente durante as investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A detenção, cercada de forte repercussão nacional, resultou em cerca de quatro meses de permanência de Torres na Papudinha. Ele era investigado por suposta omissão na segurança do Distrito Federal. Posteriormente condenado a 24 anos na mesma ação em que Bolsonaro também foi julgado, hoje cumpre medidas restritivas com tornozeleira eletrônica.
O ex-governador Benedito Domingos
Outro nome que passou pela unidade é o do ex-governador do DF Benedito Domingos, atualmente com 91 anos. Ele foi encaminhado à Papudinha após condenações por corrupção e fraudes em contratos públicos, o que reacendeu o debate sobre privilégios e custódia diferenciada para autoridades. Preso em março de 2016, Domingos conseguiu prisão domiciliar sete meses depois, alegando problemas de saúde e idade avançada. Em 2019, foi beneficiado pelo indulto de Natal concedido pelo então presidente Michel Temer, que resultou na anulação da pena.
Operação Falso Negativo
A Papudinha também abrigou o ex-secretário de Saúde do DF Francisco Araújo, alvo da Operação Falso Negativo, que investigou suspeitas de fraude na compra de testes de Covid-19 durante a pandemia. Ele foi preso preventivamente em 2020 e levado ao 19º BPM antes de decisões judiciais posteriores. A operação envolveu altos escalões da administração pública e teve grande repercussão. Em 2023, Araújo foi absolvido das acusações.
Oficiais investigados pelos atos de 8 de janeiro
A unidade também recebeu oficiais de alta patente da PMDF detidos na Operação Incúria, que apura omissões deliberadas durante os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Entre eles estão:
Coronel Jorge Eduardo Naime Barreto
Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues
Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra
Coronel Fábio Augusto Vieira (comandante-geral à época)
Coronel Klepter Rosa Gonçalves (subcomandante à época)
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o grupo de ignorar alertas de inteligência e permitir a ação dos golpistas. Todos respondem ao processo em liberdade provisória, com tornozeleira eletrônica.
Outros casos envolvendo PMs
Além das figuras de maior projeção, a Papudinha também já recebeu policiais militares de diversas patentes, incluindo soldados, sargentos e oficiais intermediários. Muitos foram detidos em investigações sobre tortura em treinamentos, abuso de autoridade e violência disciplinar. Esses episódios, embora menos conhecidos do público, fazem parte dos registros da Corregedoria da PMDF.