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Taxa de Trump turbina popularidade de Lula; rejeição ao presidente dos EUA dispara no Brasil

O apoio a uma resposta firme ao governo norte-americano é majoritário: 51,2% defendem a retaliação, com ênfase em medidas de reciprocidade tarifária.

Lula vê sua popularidade crescer após tarifa de Trump. | Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Levantamento extraordinário da Latam Pulse, produzido pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg, revela que os recentes episódios envolvendo a conspiração por sanções a ministros do STF liderada por Eduardo Bolsonaro (PL) com o governo Donald Trump, além da taxação de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros, surtiram efeito contrário ao desejado: impulsionaram a popularidade do presidente Lula.

O estudo, realizado entre os dias 11 e 13 de julho e divulgado nesta terça-feira (15), mostra que Lula passou de 45,4% de aprovação em maio para 47,3% em junho, atingindo agora 49,7%. Já a desaprovação, que chegou a 53,7% em maio, caiu para 50,3%, um empate técnico dentro da margem de erro.


O apoio a uma resposta firme ao governo norte-americano é majoritário: 51,2% defendem a retaliação, com ênfase em medidas de reciprocidade tarifária.

O crescimento coincide com a intensificação da narrativa governista contra o que Lula chamou de “golpe dos ricaços”, promovido por setores do Congresso e da extrema direita. A bolsotaxa de Trump, como foi apelidada nas redes, somou-se à estratégia de comunicação do Planalto, que agora foca em valores como soberania nacional e resistência a pressões externas.

Segundo o levantamento, 62,2% dos brasileiros consideram a tarifa de Trump “injustificada”, enquanto apenas 36,8% a consideram legítima. A percepção negativa do presidente norte-americano também aumentou: 63,2% têm uma imagem desfavorável de Trump, frente aos 31,9% que o avaliam positivamente — um forte contraste com os 48% de aprovação que ele registrava em novembro de 2023.


Bolsonarismo desgastado com envolvimento internacional

A pesquisa também indica que a imagem da família Bolsonaro sofre desgaste com o caso: 36,9% dos entrevistados atribuem a taxação dos EUA à articulação do clã com Trump, enquanto 40,9% veem a medida como retaliação à aproximação do Brasil com os BRICS. Para 16,8%, a causa está em decisões do STF que afetam redes sociais americanas.

A leitura mais ampla é de que a medida configura um ataque à autonomia do Brasil: 50,3% afirmam que a taxação representa uma ameaça à soberania nacional, enquanto 47,8% discordam dessa afirmação.


Retaliação brasileira é bem recebida pela maioria

A resposta do governo Lula, que incluiu sanções e a assinatura da chamada “Lei da Reciprocidade”, é avaliada como adequada por 44,8% dos brasileiros. Para outros 27,5%, a reação foi “agressiva”, e 25,2% a consideram fraca.

O apoio a uma resposta firme ao governo norte-americano é majoritário: 51,2% defendem a retaliação, com ênfase em medidas de reciprocidade tarifária. Outros 28,6% apoiam o fortalecimento de alianças com países como a China, e 14,5% sugerem reduzir a dependência do dólar. Medidas mais radicais, como suspender patentes ou restringir investimentos americanos, são citadas por uma minoria.

Apesar da tensão, 47,7% dos entrevistados acreditam que o governo brasileiro conseguirá negociar uma redução nas tarifas impostas por Trump, número superior aos 38,8% que não confiam nessa capacidade de diálogo.

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