Último ato de Caron no Dnit foi cortar R$ 14 bilhões de rodovias

De acordo com Caron, esse corte foi feito excluindo do PAC alguns tipos de obras

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A última ação do diretor de Infraestrutura Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), Hideraldo Caron, foi promover um corte de cerca de R$ 14 bilhões nas obras de rodovias previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para reduzir despesas. Os cortes foram apresentados na quinta-feira à presidente Dilma Rousseff. Caron pediu demissão nesta sexta-feira por causa das denúncias de corrupção no setor de transportes. Segundo ele, seu afastamento foi para deixar a presidente à vontade para fazer as reformulações necessárias.

Em entrevista coletiva, Caron disse que, após concluir o pano de enxugamento dos gastos do Dnit, deu como encerrada a participação dele no governo. "Com esse trabalho, considero que minha participação está encerrada. Esse planejamento pode ser executado por várias pessoas que têm competência para isso".

Ele explicou que, em uma reunião com a presidente Dilma no dia 24 de junho, recebeu o pedido para que o Dnit readequasse o plano de obras do setor de modo que o orçamento fosse reduzido de cerca de R$ 72 bilhões para aproximadamente de R$ 58 bilhões.

De acordo com Caron, esse corte foi feito excluindo do PAC alguns tipos de obras como a construção de viadutos e de ruas laterais. "Em alguns casos, apresentamos propostas de retirar obras inteiras, mas isso a presidenta ainda não autorizou".

Hideraldo Caron disse ainda que, diante do volume de obras sob responsabilidade da autarquia, os desvios e irregularidades são "muito pequenos". Ele, que negou que estivesse "ressentido" com a suposta falta de apoio do governo e do Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual é filiado, em torno de sua manutenção no cargo, disse acreditar que as sucessivas demissões de diretores promovidas pela presidente Dilma Rousseff na pasta dos Transportes e em suas autarquias não eram necessárias.

"Acho que não precisava sair tanta gente. Estou dizendo que trago testemunho dos funcionários do departamento, porque trabalham conosco engenheiros e técnicos que fazem esse trabalho no dia a dia. Um diretor, um funcionário decide muito pouco individualmente no processo. Tenho uma avaliação positiva no sentido do avanço dos procedimentos do Dnit", disse ele, que evitou criticar a "faxina" que o Palácio do Planalto tem feito no setor.

A queda do ministro dos Transportes

Uma reportagem da revista Veja do início de julho afirmou que integrantes do Partido da República teriam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes. O negócio renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo. Pelo menos dois assessores diretos do então ministro, Alfredo Nascimento (PR), foram afastados dos cargos. Também deixaram suas funções o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, e o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves.

O PR emitiu nota negando a participação no suposto esquema e prometendo ingressar com uma medida judicial contra a revista. Nascimento, que também negou as denúncias de conivência com as irregularidades, abriu uma sindicância interna no ministério e pediu que a Controladoria-Geral da República (CGU) fizesse uma auditoria nos contratos em questão. Assim, a CGU iniciou "um trabalho de análise aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e execução de obras que deram origem às denúncias".

Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos do filho do ministro, Gustavo. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho, seu pedido de demissão à presidente.



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