Andrés Manuel López Obrador, México
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Salvador Vázquez del Mercado, Centro de Investigación y Docencia Económicas
Com 9,2% de seus pacientes de covid-19 morrendo da doença, o México tem a maior taxa de letalidade do mundo. Estimativas recentes mostram que provavelmente sofreu 617 mil mortes – no mesmo nível dos Estados Unidos e da Índia, ambos países com populações muito maiores.
Uma combinação de fatores contribuiu para os prolongados e extremos surtos de covid-19 no México. E uma liderança nacional inadequada era uma delas.
Durante a pandemia, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador procurou minimizar a gravidade da situação no México. No início, ele resistiu aos apelos para decretar um bloqueio nacional e continuou realizando comícios em todo o país antes de, em 23 de março de 2020, o México fechar por dois meses. Ele frequentemente se recusava a usar máscara.
Tendo herdado uma colcha de retalhos subfinanciada de serviços de saúde quando assumiu o cargo em 2018, López Obrador aumentou apenas ligeiramente os gastos com saúde durante a pandemia. Os especialistas afirmam que os orçamentos dos hospitais são insuficientes para a enorme tarefa que enfrentam.
Mesmo antes do início da pandemia, a política de extrema austeridade fiscal de López Obrador – em vigor desde 2018 – tornou o combate à crise de saúde muito mais difícil, ao limitar significativamente a ajuda financeira relacionada à covid-19 disponível para cidadãos e empresas. Isso, por sua vez, agravou o choque econômico causado pela pandemia no México, alimentando a necessidade de manter a economia aberta durante todo o ano passado, bem na feroz segunda onda de inverno, da qual o México está apenas começando a emergir.
Posteriormente, outro bloqueio tornou-se inevitável. O México fechou de novo brevemente em dezembro de 2020.
Hoje, o uso de máscaras aumentou e o México vacinou totalmente 10% de sua população, em comparação com 1% na vizinha Guatemala. As coisas estão melhorando, mas o caminho do México para a recuperação é longo.
* Sumit Ganguly é professor de Ciência Política e catedrático em Culturas e Civilizações Indígenas na Universidade de Indiana (EUA); Dorothy Chin é psicóloga pesquisadora associada na Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA); Elizabeth J. King é professor associada de Comportamento para a Saúde e Educação para a Saúde na Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan (EUA); Elize Massard da Fonseca é professora assistente na Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas na Fundação Getulio Vargas (Brasil); Salvador Vázquez del Mercado é professor de Pesquisa Conacyt no Laboratório Nacional de Políticas Públicas, Centro de Investigación y Docencia Económicas (México); Scott L. Greer é professor de Gestão de Saúde Global e Política e Ciência Política na Universidade de Michigan (EUA).