O ginecologista Marcos Tcherniakovsky, diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose, reforça que a doença modifica profundamente a dinâmica dos relacionamentos. A dor crônica, uma das marcas mais comuns do quadro, é capaz de moldar comportamentos e rotinas. Muitas pacientes desenvolvem receio da atividade sexual por medo de intensificar o desconforto.
Esse medo cria um ciclo: quanto mais ela evita a intimidade, mais distante se sente do parceiro ou parceira. A frustração também aparece. Há quem conviva com a sensação de não conseguir corresponder às expectativas dentro do relacionamento. Aos poucos, a vida afetiva se transforma em um território de tensão.
A consequência emocional é inevitável. A dor constante faz com que a sexualidade deixe de ser prazerosa para se tornar uma preocupação. A relação, antes espontânea, se enche de cautelas e limites. A espontaneidade diminui, e a intimidade perde leveza.
O parceiro, por sua vez, muitas vezes não compreende a profundidade do sofrimento. Sem diagnóstico, tudo parece subjetivo, incerto. E a falta de compreensão faz com que o casal se distancie ainda mais. É um efeito dominó difícil de interromper sem informação adequada.