Empresários que tinham vínculos com a rede de postos HD, Haran Santiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa, foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos entre a noite de quarta-feira (5) e a madrugada desta quinta (6), durante a Operação Carbono Oculto 86, conduzida pela Polícia Civil do Piauí (PC-PI) no âmbito do Pacto pela Ordem.
ESTAVAM EM AEROPORTOS
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), Haran Sampaio foi abordado por equipes da Polícia Civil no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, quando retornava a Teresina. No momento da ação, foram apreendidos um computador, um celular e uma quantia em dinheiro.
Já Danillo de Sousa foi localizado e abordado no Aeroporto de Teresina, onde os policiais apreenderam um notebook, um telefone celular e valores em espécie.
A operação faz parte da segunda fase das investigações, que apuram um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes no setor de combustíveis, com indícios de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
MOTIVO DAS DILIGÊNCIAS
De acordo com a SSP-PI, as diligências têm como objetivo aprofundar as apurações sobre o fluxo financeiro e as conexões entre empresários e organizações criminosas envolvidas na movimentação ilícita de combustíveis e recursos.
A Polícia Civil do Piauí informou que as investigações continuam e reafirmou o compromisso da instituição com o combate ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e à proteção do patrimônio público.
esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC no Nordeste
A Polícia Civil do Piauí deflagrou, nesta quarta-feira (5), a Operação Carbono Oculto 86, com o objetivo de desarticular um esquema de lavagem de dinheiro e fraude no setor de combustíveis que atuaria nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. A ação faz parte do Pacto pela Ordem e envolve mandados de busca, apreensão e prisão temporária contra empresários e empresas suspeitos de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), a investigação aponta que postos de combustíveis, empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs foram usados para movimentar e ocultar recursos de origem ilícita. A estimativa é que as transações suspeitas somem cerca de R$ 5 bilhões.
Estrutura do esquema
As apurações indicam que empresários locais mantinham contato direto com operadores financeiros de São Paulo, responsáveis por estruturar holdings e fundos de investimento utilizados para mascarar a origem do dinheiro. Entre os alvos estão antigos proprietários de redes de postos de combustíveis, que teriam participado da expansão e posterior venda das empresas.
O grupo teria utilizado laranjas e empresas recém-criadas para simular transações comerciais e alterar a titularidade de postos e distribuidoras. Segundo a polícia, a estratégia visava ocultar os verdadeiros beneficiários e dificultar o rastreamento do patrimônio.
Empresas e fundos sob investigação
Entre as empresas mencionadas nas investigações estão a Pima Energia Participações Ltda., a Mind Energy Participações Ltda. e a Rede Diamante / DNPX Diamante Nice Participações Ltda.. Também são citados fundos e gestoras como Altinvest, Jersey FIP, GGX Global Participações, Duvale Distribuidora e Copape Produtos de Petróleo.
Segundo a Polícia Civil, mais de 70 CNPJs estão sendo analisados por suposta ligação direta ou indireta com o esquema.
As investigações apontam ainda a possibilidade de fraude fiscal, emissão de notas frias e venda de combustível adulterado, além do uso de fintechs para realizar movimentações financeiras fora do sistema bancário tradicional.
Medidas judiciais
O Judiciário autorizou prisões temporárias, buscas em residências e empresas, bloqueio de contas bancárias, interdição de postos de combustíveis e suspensão de atividades de companhias investigadas.
Os investigados estão proibidos de deixar Teresina ou alterar endereço sem autorização judicial, bem como de manter contato entre si, inclusive por meio de redes sociais ou intermediários.
Origem da investigação
A Operação Carbono Oculto 86 é um desdobramento de ações anteriores que já haviam identificado movimentações financeiras atípicas envolvendo o setor de combustíveis. A apuração ganhou força após a venda da Rede HD, em dezembro de 2023, para a empresa Pima Energia Participações, criada poucos dias antes da transação. A operação revelou inconsistências patrimoniais e alterações societárias suspeitas, que levantaram indícios de ligação com operadores financeiros do PCC.
O que dizem os citados
A Altinvest Gestão de Recursos, que teve um de seus fundos mencionados na operação, informou por meio de nota que repudia qualquer associação com atividades ilícitas. A empresa declarou que atua “em conformidade com a legislação brasileira e com as normas da CVM e da ANBIMA” e afirmou que o fundo citado foi encerrado oficialmente em maio de 2025, após a liquidação de seus ativos.
A gestora também disse estar colaborando integralmente com as autoridades e que confia no esclarecimento dos fatos.
A reportagem tentou contato com Denis Alexandre Jotesso Villani, Pima Energia Participações Ltda., Rede HD, Mind Energy Participações Ltda., Rede Diamante / DNPX, Jersey FIP, GGX Global Participações, Duvale Distribuidora e Copape Produtos de Petróleo, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.