O prefeito de Teresina, Silvio Mendes (UB), reagiu ao relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurou o déficit financeiro na prefeitura da capital, conhecida como CPI do Rombo. Na avaliação do gestor, tem "coisa errada" que precisa ser apurada, diferente do resultado da investigação parlamentar, que negou a existência de um rombo financeiro de R$ 3 bilhões de reais nas contas do município.
Quando nós identificamos, em mais de três mil processos, encaminhados ao Tribunal de Contas e à Câmara Municipal, nós entregamos provas materiais, robustas, do que aconteceu na gestão, tem coisa certa e tem coisa errada, daí a apuração ser necessária. Essa apuração foi feita pelo Tribunal de Contas, pela Controladoria do Município e naturalmente pela Câmara, disse em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (13).
O prefeito negou que estivesse mentindo sobre as irregularidades por ele detectadas, e apontou ainda que "quando o denunciado vira denunciante é um sinal grave da impunidade". E ironizando o relatório que ainda será analisado pelo plenário da Câmara de Vereadores de Teresina, citou outras investigações e irregularidades apontadas por órgãos de controle, como o próprio Tribunal de Contas.
Então, vamos fazer o seguinte, vamos processar o Tribunal de Contas, que de forma ilegal, desaprovou as contas, vamos processar o juiz, os policiais e quem mais prendeu os membros da gestão passada, porque fizeram um ato ilegal, e vamos pedir à Câmara, que reconsidere a reprovação das contas da gestão passada, porque eles reprovaram, enfatizou.
SOBRE O RELATÓRIO
Na manhã de quarta-feira (12 de novembro), o vereador Dudu (PT), presidente da CPI do Rombo, apresentou o relatório final dos trabalhos realizados ao longo de seis meses na Câmara Municipal de Teresina. A conclusão do colegiado nega a existência do suposto rombo financeiro de R$ 3 bilhões alegado pelo prefeito Sílvio Mendes (União Brasil).
Nós podemos chegar à conclusão, chegamos à conclusão de que não houve e não há esse rombo de R$ 3 bilhões apresentado pelo prefeito Silva. Esse é um ponto principal, afirmou Dudu durante a coletiva.
Segundo o parlamentar, a análise técnica e documental das despesas mostrou que os valores apontados como déficit são, na verdade, obrigações regulares do município.
Por todo o levantamento feito dos números. Todos esses números apresentados aqui — R$ 1,8 bilhão de despesa de longo prazo dos empréstimos — todos estão transcorrendo normalmente. São despesas do município, inclusive autenticadas pela atual gestão, explicou.
DESPESAS CORRENTES E DÍVIDAS AUTENTICADAS
O relatório destaca ainda que as dívidas citadas pela atual gestão — que somam R$ 1,12 milhão de curto prazo e R$ 110 milhões da área da saúde — estão devidamente reconhecidas pela administração atual.
Essa de curto prazo que soma R$ 1,12 bilhão é despesa corrente do município, autenticada pela atual gestão. E a de R$ 110 milhões da saúde é fruto de uma auditoria feita na Fundação Municipal de Saúde, iniciada, acredito eu, na gestão anterior, acrescentou o presidente da CPI.
RELATÓRIO FINAL E POSSÍVEIS IRREGULARIDADES
A CPI da Dívida, como também é chamada, foi aprovada nesta quarta-feira (12) e reforça que não há rombo de R$ 3,6 bilhões deixado pela gestão anterior.
Em nenhuma despesa corrente da Prefeitura houve pedido de tomada de conta especial. Nem na educação, nem na saúde e nem em nenhum outro órgão expressivo, afirmou o vereador.
Apesar disso, Dudu apontou que a comissão identificou indícios de irregularidades na aplicação de recursos provenientes de empréstimos do Banco do Brasil, que totalizam R$ 720 milhões. Um dos casos citados é o da construção do Hospital da Mulher, anunciada em 2021. Segundo ele, o terreno onde o hospital foi erguido valia R$ 2 milhões, mas foi adquirido por R$ 16 milhões, o que deverá ser analisado em processos específicos.