Motoristas, cobradores e demais trabalhadores da empresa Santa Cruz paralisaram as atividades por cerca de três horas na manhã desta quarta-feira (17), na zona Sudeste de Teresina. A paralisação atingiu o transporte coletivo nas linhas Novo Milênio, Shopping e Jardim Europa, e também o Transporte Eficiente, que atende pessoas com mobilidade reduzida.
MOTIVAÇÃO
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro), a mobilização ocorreu por causa de atrasos no pagamento de direitos trabalhistas. Entre os problemas citados estão horas extras em atraso, falta de pagamento do ticket alimentação, não repasse do FGTS e irregularidades no plano de saúde, que é descontado dos trabalhadores, mas não estaria sendo pago. Os trabalhadores mais afetados, segundo Antônio Cardoso, presidente do Sintetro, são cobradores e motoristas do Transporte Eficiente.
Ainda segundo o sindicato, funcionários da manutenção também estariam sem equipamentos de proteção individual (EPIs), além de enfrentar carga horária excessiva sem o pagamento das horas extras há mais de três meses.
"Eles [empresa] estão jogando para cima da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) e ela diz que está em dias. A advogada da empresa, Jamile Gold, diz que tem que refazer os cálculos, pois a Strans não está pagando de forma correta. Então, é esse tipo de situação que vem ocorrendo", disse Antônio Cardoso.
AMEAÇA DE GREVE
Ele informou ainda que foi dado prazo até o dia 20 deste mês para que a empresa regularize os pagamentos, incluindo salários em atraso, a quinzena e a segunda parcela do décimo terceiro. Caso isso não ocorra, os trabalhadores podem entrar em greve por tempo indeterminado.
O sindicato também declarou ser favorável à realização de licitação no setor, caso as empresas atuais não cumpram suas obrigações trabalhistas. Além de novas paralisações, o Sintetro afirma que pode denunciar as irregularidades aos órgãos da Justiça do Trabalho no Piauí.
"É preciso que a gente sente e discuta isso de forma que seja salutar, que seja boa para os colaboradores, para a Prefeitura, para a STrans e, principalmente, para os usuários do sistema de transporte eficiente, assim como o de transporte coletivo. Se isso não ocorrer, a gente vai ficar amargando todo tempo essa mesma situação que já se arrasta por anos", contou.
A empresa Santa Cruz ainda não se manifestou sobre as denúncias. O espaço segue aberto para esclarecimentos. Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) disse que o cenário de crise administrativa e financeira é de conhecimento do Tribunal de Justiça, do Tribunal de Contas e do Ministério Público do Estado do Piauí, e que está à disposição para a abertura de um diálogo e para o início de uma atuação conjunta de articulação institucional.
O cenário de crise administrativa e financeira é de conhecimento do Tribunal de Justiça, do Tribunal de Contas e do Ministério Público do Estado do Piauí, perante os quais o SETUT se coloca à disposição para a abertura de um diálogo e para o início de uma atuação conjunta de articulação institucional, com o objetivo de contornar esses entraves.
NOTA
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) informa que reconhece e entende a importância do Transporte Eficiente para o sistema público de transporte; contudo, ressalta que determinados impasses, como pagamentos atrasados, remunerações abaixo do valor devido e a desconsideração do valor do quilômetro pactuado, decorrem de decisões unilaterais da STRANS.
O cenário de crise administrativa e financeira é de conhecimento do Tribunal de Justiça, do Tribunal de Contas e do Ministério Público do Estado do Piauí, perante os quais o SETUT se coloca à disposição para a abertura de um diálogo e para o início de uma atuação conjunta de articulação institucional, com o objetivo de contornar esses entraves.
A crise financeira é um problema que afeta tanto o Transporte Eficiente quanto todo o sistema regular de ônibus. O sindicato aguarda o cumprimento do subsídio remanescente previsto em acordo judicial, a fim de que possa cumprir seus deveres legais, incluindo o pagamento do 13º salário e das demais remunerações.