Joabe da Silva Aguiar, de 40 anos, conhecido como “Veín do Goiás”, preso pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) nesta segunda-feira (09), em Belém do Pará é apontado como uma das principais lideranças criminosas em atuação no extremo sul do Piauí e estava foragido desde 2016, quando escapou da Penitenciária de Bom Jesus.
Ao longo dos últimos anos, se tornou suspeito de dezenas de homicídios nas cidades de Avelino Lopes e municípios vizinhos, além de ser considerado o criminoso mais perigoso da região.
Um ano de buscas em vários estados
As investigações que resultaram na captura mobilizaram equipes em diferentes estados. De acordo com o delegado Anchieta Nery, o trabalho de inteligência durou mais de um ano.
“Nós estávamos monitorando ele há mais de um ano. Foram muitas tentativas e esforços para localizá-lo em algum lugar do Brasil. O delegado-geral chegou a enviar equipes para Goiás, para o Distrito Federal, até que, com o apoio da Polícia Civil do Pará, a gente localiza ele e consegue cumprir essa prisão de hoje”, disse.
O criminoso usava documentos falsos em Belém, onde mantinha uma vida confortável e discreta.
Histórico violento e atuação como mandante
Ainda segundo o delegado, Joabe Aguiar é investigado por crimes contra a vida em Gilbués, Curimatá, Avelino Lopes e Bom Jesus, atuando tanto diretamente quanto como mandante. Anchieta Nery destaca que ele exercia influência sobre grupos criminosos da região.
“Ele praticou diversos crimes, muitas vezes como autor intelectual. Era conhecido por agir com extrema crueldade”, afirmou o delegado.
O suspeito possui uma condenação de 49 anos por um dos crimes mais brutais registrados no sul do estado.
“Ele foi condenado por executar um casal que vendia drogas para ele. Eles estavam com uma dívida de aproximadamente R$ 3 mil. Ele diretamente pega esse casal e, após horas de sessões de tortura, onde quebrou braços, pernas e arrancou os olhos, pratica esse duplo homicídio.”
Mesmo após essa condenação, o criminoso conseguiu fugir da penitenciária em 2016 e continuou praticando novos delitos.
Ligação com facções e disputa por território
Sobre a motivação dos crimes, o delegado explica que Joabe teve ligação com facções, mas passou a agir de forma quase independente.
“Ele era ligado inicialmente a uma facção. Hoje atuava de forma independente, com uma turma mais próxima, conhecida como ‘Tropa do Coroa’. Mas é aliado ao Comando Vermelho, facção originária do Rio de Janeiro.”
Para o delegado Célio Benício, Joabe era a principal ameaça à segurança pública no extremo sul do estado. “Para o Extremo Sul do Piauí, o criminoso mais procurado era ele.”
A autoridade também acrescentou que ele seguia em plena atividade criminosa mesmo após a fuga.
“Disputa por espaço era a principal motivação dos crimes. Ele fugiu da penitenciária de Bom Jesus em outubro de 2016 e continuava a delinquir. Ainda estamos em contato com a polícia de Belém para saber se há registro de crimes dele por lá também.”
Vida de luxo e nova identidade em Belém
Durante o período em que esteve foragido, Joabe vivia sob outra identidade na capital paraense. A polícia informa que o suspeito morava com esposa e um filho pequeno em um apartamento confortável, mantinha bons veículos e sustentava um padrão de vida elevado, totalmente financiado por atividades ilícitas.
Operação integrada garantiu captura
A ação contou com ampla cooperação entre forças de segurança de vários estados. O delegado Anchieta ressaltou o apoio do delegado Alessandro Barreto, da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil do Piauí, além da parceria com polícias civis de Goiás e do Pará, que foram fundamentais para consolidar o trabalho de localização e prisão.
A operação envolveu agentes da Polícia Civil, Polícia Militar, Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, SSP-PI, Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), Grupo Antissequestro da Polícia Civil de Goiás, Ciberlab da SENASP, Núcleo de Inteligência Policial (NIP) da Polícia Civil do Pará e Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Pará.