Entre tantas histórias marcadas pelo caso Eloá, uma delas ganhou contornos de esperança. A da vendedora Maria Augusta da Silva dos Anjos, que recebeu o coração da jovem morta aos 15 anos, em 2008. O transplante foi feito logo após o crime, e durante anos, Augusta se tornou símbolo de uma nova chance de vida, um elo vivo entre o trágico e o recomeço.
Augusta tinha 51 anos, morava em Canaã dos Carajás, no interior do Pará, e era casada. Mesmo longe de São Paulo, manteve contato com os pais de Eloá, que viam nela uma extensão da filha. “Ela carregava o coração da Eloá. Era como uma filha pra mim também”, contou Ana Cristina Pimentel, mãe da adolescente.
A nova vida de Augusta foi marcada por gratidão. Após o transplante, ela relatava melhorias na saúde e energia para retomar a rotina. “Ela ficou maravilhosa depois que recebeu o coração de Eloá”, disse Ana Cristina, emocionada. Por anos, o gesto da doação foi lembrado como um dos poucos desfechos de amor em meio a uma tragédia nacional.
Mas em 2021, a história ganhou um novo capítulo de tristeza. Maria Augusta morreu em decorrência de complicações da Covid-19, após ser internada em um hospital particular de Parauapebas, também no Pará. Segundo familiares, ela não resistiu ao avanço da doença, mesmo com todos os cuidados.
A notícia abalou os pais de Eloá, que voltaram a sentir a dor da perda. “Eu estava torcendo para a Augusta se recuperar. Para mim foi muito triste”, desabafou Ana Cristina. O pai, Everaldo Pereira dos Santos, também lamentou: “Ficamos sabendo e lamentamos o falecimento da Maria Augusta.”
A coincidência tornou o luto ainda mais pesado: Augusta morreu um dia antes do aniversário de Eloá, que completaria 28 anos em 5 de maio. O coração que bateu por duas vidas parou novamente e com ele, se encerrou mais um capítulo doloroso da história que comoveu o Brasil.