A Polícia Federal (PF) indiciou e o Ministério Público Federal (MPF) denunciou, nesta segunda (31), 13 ex-executivos e ex-funcionários da Americanaspor envolvimento em um esquema de fraudes contábeis que inflaram artificialmente os lucros da empresa. Segundo as investigações, as irregularidades atingiram um montante de R$ 25 bilhões, impactando o mercado de capitais e os investidores da companhia.
Denunciados
Segundo apuração de Mahomed Saigg, do G1 Rio e TV Globo, entre os denunciados estão Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, Anna Saicali, ex-CEO da B2W (responsável pela área digital), além de outros ex-diretores e vice-presidentes. Todos são acusados de participação em uma organização criminosa, falsidade ideológica e manipulação de mercado. Nove deles também foram denunciados por uso de informação privilegiada.
Crimes
As investigações apontam que o esquema envolvia ajustes artificiais nos balanços financeiros para esconder o rombo contábil. A PF e o MPF apresentaram provas como e-mails entre os executivos, documentos comparando os resultados reais e divulgados, além de mensagens de WhatsApp que detalhavam estratégias para driblar auditorias e enganar analistas de mercado.
Fato
O caso veio à tona em janeiro de 2023, quando a Americanas revelou “inconsistências contábeis” em seus balanços, inicialmente estimadas em R$ 20 bilhões. A descoberta levou a uma forte reação no mercado financeiro, fazendo com que as ações da companhia despencassem quase 80% em um único dia e resultando em uma crise de confiança entre os investidores.
O que aconteceu
Poucos dias após o anúncio do rombo, o então presidente da empresa, Sergio Rial, renunciou ao cargo, aumentando ainda mais a turbulência. Em 19 de janeiro de 2023, a Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, alegando uma dívida total superior a R$ 50 bilhões.
Fraudes
A estrutura da fraude foi detalhada por três delações premiadas, que revelaram cinco níveis hierárquicos dentro do esquema. Segundo os investigadores, a manipulação dos balanços foi planejada e executada ao longo de anos, com o objetivo de mascarar a real situação financeira da companhia e manter a confiança do mercado.
Aporte de acionistas
Para viabilizar sua recuperação, a Americanas recebeu um aporte de R$ 12 bilhões de seus principais acionistas: Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles. Além disso, a empresa precisou vender ativos estratégicos, como a rede Hortifruti Natural da Terra e a Uni.Co, controladora das marcas Imaginarium e Puket.
Justiça
O caso segue na Justiça, e os indiciados aguardam os próximos desdobramentos do processo. A defesa dos acusados ainda não se manifestou sobre a denúncia do MPF.