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Repórter relata falta de apoio em resgate de delegado no RJ: ''nem aeronave, nem ambulância''

Jadson Marques esteve na linha de frente do confronto que deixou Bernardo Leal Annes Dias ferido. Com a gravidade do disparo, o delegado teve uma das pernas amputadas

Megaoperação deixou delegado baleado no Rio de Janeiro | Foto: Reprodução
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Na tarde desta sexta-feira (31), em entrevista ao programa Jornal da Tarde, com o jornalista Daiton Meireles, o repórter cinematográfico Jadson Marques, do portal Factual, contou sobre a megaoperação que ocorreu no Rio de Janeiro e deixou mais de 120 mortos, incluindo quatro policiais civis do estado.

O repórter relatou o momento em que também presenciou o tiro que atingiu o delegado Bernardo Leal Annes Dias, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Bernardo foi baleado quando equipes tentavam avançar pela área de mata que divide os complexos do Alemão e da Penha. O disparo rompeu a artéria femoral, provocando uma hemorragia severa, o que levou o delegado a ter uma das pernas amputadas.

Eu estava próximo dele, da guarnição dele, quando os policiais começaram a gritar dizendo que tinha policial baleado, aí eu fui até eles com outra equipe para dar apoio e encontramos o delegado baleado e mais um policial também baleado de raspão na cabeça, afirmou. 

LINHA DE FRENTE 

O repórter, que atuou na linha de frente do confronto letal, explicou que, próximo à região onde estava junto às guarnições policiais, não foi registrada a presença de drones transportando possíveis granadas. "Essa conversa de drone que estaria com granada empendurada eu desconheço. Eu estava direto no confronte, teve morte próximo a mim, tanto de traficante quanto de policiais, mas drones em comunidades é normal". 

Pra quem não é do Rio de Janeiro, aqui é normal ter operação nessa gravidade, nessa violência toda, só que dessa vez teve um número muito grande de mortos, mas é normal ter esse confronto com apoio de carro blindado e aeronave. Dessa vez não teve o apoio de aeronave e por isso esse número de feridos e mortos, reforçou. 

'NÃO TEVE APOIO PARA O RESGATE'

Para Jadson, o que mais chamou atenção foi, além dos policiais alvejados, a falta de estrutura para o resgate do delegado da DRE. 

Ele não teve apoio para o resgate, nem aeronave, nem ambulância, e sem contar que levou uns 40 minutos para os policiais resgatarem ele do local porque os traficantes não deixavam. Toda vez que os policiais colocavam a cara para tentar pegar, tomavam um tiro também. A solução foi arrombar a parede de uma casa, explicou. 

MEGAOPERAÇÃO DEIXOU 121 MORTOS

Na terça-feira à tarde, o tráfico promoveu represálias em várias áreas da cidade, gerando horas de tensão. Barricadas feitas com veículos e entulho bloquearam a Linha Amarela, a Grajaú-Jacarepaguá e a Rua Dias da Cruz, no Méier, entre outros pontos. A operação visava conter o avanço do Comando Vermelho e cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 de prisão. Veja o balanço da operação:

  • 121 mortos, sendo 4 policiais
  • 117 suspeitos presos
  • 118 armas, sendo 91 fuzis

 

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