O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta segunda-feira (9) que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi alvo de críticas, xingamentos, memes e figurinhas em conversas entre integrantes do grupo conhecido como “kids pretos” — militares das Forças Especiais do Exército investigados por suposto envolvimento em plano de golpe de Estado.
A declaração foi feita durante interrogatório no processo que apura a tentativa de golpe, no qual Cid é delator e réu.
O comentário surgiu após uma pergunta do advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, que pediu esclarecimentos sobre uma reunião entre Cid e os “kids pretos”. Em sua delação premiada, Cid havia descrito esse encontro como uma “conversa de bar”. Vilardi questionou se o nome de Moraes foi mencionado na ocasião. A pergunta foi então reforçada pelo próprio ministro:
“Foi conversado algo sobre o meu nome nessa reunião?”, questionou Moraes.
“Sim, senhor. O senhor foi muito criticado”, respondeu Cid.
Moraes, em tom irônico, insistiu:
“Só? O senhor tem que falar a verdade.”
A resposta provocou risos constrangidos de Cid e dos presentes na sessão da Primeira Turma do STF. O ministro brincou: “Eu já estou acostumado”.
Moraes ainda fez uma observação: “A Polícia Federal não está aqui, mas há uma contradição no depoimento. Ele disse que foi uma ‘conversa de bar’, com guaraná e salgadinho. Então, não é bem conversa de bar.”
Na sequência, o ministro insistiu:
“Mas o que mais falavam sobre mim?”
Cid respondeu:
“Ministro, as pessoas criticavam muito o senhor. As mesmas críticas que o senhor já conhece, xingamentos... Não vou negar, porque houve. Mas não teve nada do tipo ‘temos que acabar com ele’ ou ‘vamos planejar algo contra ele’. Eram xingamentos, expressões como ‘esse cara desgraçado’, figurinhas, memes, fotos... aquelas coisas que o senhor já deve ter visto por aí.”
O interrogatório seguiu com perguntas sobre áudios atribuídos a Mauro Cid e divulgados pela imprensa.