Francy Teixeira, direto de São Paulo
O MeioNews acompanha o Conecta Imobi, maior evento imobiliário da América Latina, promovido pelo Grupo OLX, que está sendo realizado em São Paulo até esta quinta-feira (04/09). Durante o painel Projeções do MCMV e os caminhos do financiamento público, o vice-presidente Comercial e de Marketing da MRV, Thiago Ely, destacou a importância das iniciativas estaduais que complementam o financiamento de habitações populares.
Ele citou o exemplo do Piauí, que em junho lançou o programa Morar Bem Piauí, desenvolvido pela Agência de Desenvolvimento Habitacional (ADH). A iniciativa prevê subsídio de até R$ 10 mil para a entrada de imóveis financiados, alcançando famílias com renda de até R$ 8 mil mensais, especialmente nas faixas 2 e 3 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
O governador Rafael Fonteles explicou a lógica do programa:
“É aí que entra o Governo do Estado, com um valor de até R$ 10 mil. Além do subsídio do Governo Federal, tem agora esse complemento do Governo do Estado para facilitar a entrada.”
Força dos cheques estaduais
Thiago Ely ressaltou que esse tipo de política já representa uma fatia relevante nas vendas da MRV:
“Tenho mais de 40% das minhas vendas vindas de cheque estadual. O mercado é disfuncional quando se trata de todos os atores atuando juntos. Acabou de sair, inclusive, o cheque do Governo do Piauí, mas ainda há estados que não têm.”
Para ele, a combinação de políticas estaduais e federais é crucial para acelerar a inclusão habitacional no Brasil.
MCMV: um programa sólido
O executivo da MRV fez questão de reforçar a importância do Minha Casa, Minha Vida como política pública consolidada:
“É um programa sólido e que vem crescendo sua relevância. É um programa inclusivo, se consolidou como uma solução de moradia. É cada vez mais um programa consolidado, são taxas muito abaixo do crédito imobiliário e a Caixa sempre como um grande parceiro.”
Déficit habitacional e o desafio da faixa 1
Já a CEO da BRZ Empreendimentos, Eduarda Tolentino, trouxe um alerta sobre a dificuldade de viabilizar moradias para a população mais pobre.
“Hoje o déficit habitacional é estimado em 7 milhões de moradias, destes 75% está na faixa 1, 15% na faixa 2; 7% na faixa 3 e apenas 3% acima da faixa 3. As construtoras não estão mais conseguindo viabilizar para os que mais precisam, as políticas públicas e os tetos não estão viabilizando economicamente moradias da faixa 1.”
Eduarda destacou ainda a necessidade de foco nas famílias mais vulneráveis:
“Sem sombra de dúvidas, a gente vê o MCMV consolidado e precisamos desse foco na base da pirâmide, o foco naqueles que mais precisam.”
Alternativas em construção
Para especialistas presentes no painel, os cheques estaduais surgem como alternativa para impulsionar projetos habitacionais, especialmente em um cenário em que o déficit ainda atinge milhões de brasileiros. O consenso entre os executivos é que a soma de esforços entre União, estados e setor privado é fundamental para garantir o direito à moradia e atender de forma efetiva as camadas mais necessitadas da população.