O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), teve seu mandato suspenso por seis meses um dia depois de o parlamentar ter ocupado, por cerca de uma hora, a cadeira da Presidência da Casa e tentado obstruir os trabalhos do plenário. A situação gerou uma confusão generalizada e Glauber teve que ser retirado à força pela Polícia Legislativa.
A decisão de afastamento foi aprovada pela Câmara dos Deputados por um placar de 318 votos favoráveis e 141 contrários. Até a tarde de quarta-feira (10), o cenário apontava que Glauber teria o mandato cassado. Integrantes da base do governo, contudo, articularam a aprovação de um destaque que diminuiu a oposição.
O QUE MUDOU?
Mesmo com as circunstâncias apontando para a cassação de Glauber, e não licenciamento, o jogo político mudou. A aprovação na câmara desta quarta-feira só foi possível por conta da crise institucional atravessada pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
A lógica interna é de que seria melhor punir o parlamentar do que correr o risco de não ter quórum o suficiente para a perda do mandato, o que resultaria em uma absolvição. De acordo com o que circula nos bastidores, a suspensão seria uma espécie de "saída honrosa" para Motta, em vez de correr o risco de sair derrotado na votação da cassação.
O acordo foi costurado por todos os partidos com exceção do Partido Liberal (PL) e o Novo. A decisão encerra meses de desgaste envolvendo o processo disciplinar contra o deputado.
ENTENDA O CASO
Os conflitos envolvendo o parlamentar já se arrastam por meses após ser denunciado por ter chutado o militante do MBL durante um protesto neste ano. A situação foi tão extrema que Glauber Braga e o militante Gabriel Costenaro discutiram dentro das dependências da Casa.
A discussão teve que ser apaziguada pela Polícia Legislativa. O deputado se defende dizendo que, na ocasião em que agrediu o integrante do MBL, o militante o teria provocado e xingado sua mãe.
Com a situação, em março deste ano o Conselho de Ética aprovou parecer favorável à cassação. Glauber resolveu agir e iniciou em 9 de abril, uma greve de fome de oito dias em protesto.
A greve só foi encerrada quando o então presidente da casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), comprometeu-se a não pautar a cassação por 60 dias.