Uma troca de farpas entre autoridades públicas revelou a disputa política em torno da entrega de ambulâncias do Samu em Bento Gonçalves (RS). A polêmica começou com a divulgação de um vídeo pelo prefeito da cidade, Diogo Siqueira (PSDB), na última quinta-feira (17), no qual comemora a chegada de três novas unidades móveis de atendimento. Apesar do tom celebratório, a gravação não mencionava a origem dos recursos, o que foi suficiente para gerar reações no campo adversário.
“Ambulância de primeiro mundo” e a ausência de créditos
No vídeo publicado nas redes sociais, Siqueira aparece ao lado das ambulâncias exaltando a estrutura montada no município:
“Três ambulâncias novas do Samu, nossa equipe, nosso ‘motora’, isso aqui é ambulância de primeiro mundo”, afirmou.
O prefeito destacou ainda que Bento Gonçalves teria sido a única cidade do Brasil a receber três unidades ao mesmo tempo, completando uma frota de oito veículos novos. Ele também enalteceu a atuação da equipe local, chamando a estrutura de “base de primeiro mundo”.
Resposta com chimarrão e ironia
A ausência de menção ao governo federal foi suficiente para provocar uma reação do assessor especial da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Maneco Hansen (PT). No feriado, chimarrão em mãos, o petista publicou um vídeo-resposta:
“Prefeito só esqueceu de dizer que as três ambulâncias são com recursos do governo federal, entregues pelo presidente Lula e pelo ministro [da Saúde, Alexandre] Padilha”, ironizou.
Hansen contextualizou a entrega dentro da política de fortalecimento do SUS, afirmando que mais de 2 mil ambulâncias do Samu já foram entregues na atual gestão federal. Ele também lembrou que o serviço foi criado em governos anteriores do presidente Lula.
Paulo Pimenta entra no debate e Siqueira rebate com críticas ao pacto federativo
A crítica de Hansen teve coro do deputado federal e ex-ministro Paulo Pimenta (PT-RS), o que levou o prefeito de Bento Gonçalves a gravar um novo vídeo, desta vez adotando um tom mais duro. “Me impressiona o ex-ministro ficar magoado por conta disso”, disse Siqueira, demonstrando surpresa com a reação dos petistas.
O prefeito então elevou o tom e partiu para o contra-ataque, questionando a distribuição dos recursos públicos:
“O Rio Grande do Sul, a cada R$ 100 que manda pra Brasília, voltam R$ 19”, afirmou, ao criticar o pacto federativo vigente. Ele também reforçou que o município arcará com mais da metade do orçamento da saúde local, sugerindo que a responsabilidade pela qualidade do serviço vai além dos repasses federais.