Naná era o nome em tupi dado à fruta, nativa da América do Sul e cultivada pelos povos indígenas há pelo menos três mil anos. Quando os europeus chegaram ao continente, rapidamente se encantaram com a naná e ajudaram a espalhar tanto a fruta quanto o nome para diversas regiões do mundo.
Segundo o professor de linguística Caetano Galindo, da Universidade Federal, esse processo é comum. “O jeito mais comum de uma palavra passar de um idioma para outro é quando um elemento cultural viaja da cultura A para a cultura B”, explica o especialista.
O que esclarece o português brasileiro
Com isso, hoje dezenas de idiomas de origens completamente diferentes utilizam variações da palavra naná para se referir ao fruto. Italiano, árabe, hindi, grego e russo são apenas alguns exemplos. Mas o português brasileiro foge à regra: por aqui, o nome “abacaxi” se destaca como uma exceção em meio a um mundo de ananás.
A explicação mais aceita para essa diferença é que “abacaxi” seja resultado da junção de dois termos tupis: yvá, que significa “fruta”, e katĩ, que quer dizer “que exala cheiro”. Ainda assim, a origem exata do nome não é totalmente certa.
Um estudo publicado em 2020 levantou uma curiosidade interessante: “abacaxi” já era usado para nomear um povo indígena, um rio e até uma missão jesuítica pelo menos um século antes de se tornar o nome oficial da fruta. Isso torna a história da palavra ainda mais rica — e um tanto misteriosa.